domingo, 20 de novembro de 2011

COMENTARIO GERAL SOBRE AS OBRAS ANALOGAS


Estes três edifícios foram escolhidos devido ao fato de que todos os três representam edifícios construídos a mais de 50 anos, encontravam-se em estado de abandono e se localizam no centro de uma grande cidade.
As diretrizes que nortearam essa intervenção consideravam as especificações mínimas em relação área útil destinada a cada unidade de habitação (34,00 m²), bem como suas especificações técnicas: pé-direito, banheiro, forro, cobertura, esquadrias e ferragens, louças/metais, revestimento interno, revestimento externo, revestimentos áreas molhadas e das áreas comuns (Caixa Econômica Federal: Especificações Mínimas PAR. Sudeste).  
Tratando-se de edifícios tombados a restauração, reciclagem e requalificação destes prédios tiveram que preservar os materiais que estavam em boas condições, restaurar aqueles elementos que poderiam ser recuperados e acrescentar paredes, pisos, forros, esquadrias, instalações elétricas e hidráulicas, quando ausentes, conforme o projeto.  
Foram três intervenções e para cada uma delas foi feito projetos específicos dentro da condição e estado de conservação de cada edifício, levando também em consideração tipologia, estilo arquitetônico e uso original que de alguma forma influência na escolha da nova proposta. 
Durante o teto original foi apresentado as parcerias e as empresas que trabalharam na requalificação destes edifícios juntamente com a Caixa Econômica Federal (CEF), Prefeitura de São Paulo (PSP) e o Programa de Arrendamento Residencial (PAR), que financiaram estes projetos. No cenário de Belo Horizonte, onde o edifício escolhido para a requalificação se encontra, irei propor como parcerias financiadoras deste projeto a Prefeitura de Belo Horizonte e a novamente a Caixa Econômica Federal que tem reconhecida participação em empreendimentos semelhantes. Como agente executor da obra de requalificação irei propor o escritório da construtora Camargos e Diniz que já desempenhou projetos de reformas de edifícios abandonados dentro do Hiper-centro de BH.

Ed. Maria Paula
O Ed. Maria Paula ao ser requalificado para o uso habitacional atendeu às diretrizes de projeto mas deixou as unidades habitacionais muito pequenas. desta forma o publico alvo para este projeto seria formado por indivíduos provavelmente solteiros, estudantes ou que trabalham na região central de SP. 
No projeto proposto para BH o publico alvo é outro. destina-se o projeto para um publico multifamiliar, onde esta família seria composta por dois a quatro indivíduos morando na mesma unidade habitacional.
Ao que parece o edifício não precisou de uma reforma estrutural drástica, se assemelhando ao projeto de Belo Horizonte que aparenta não apresentar danos estruturais graves. Mas diferente do edifício Maria Paula, o edifício de Belo horizonte não é tombado e não esta inserido em um zoneamento de interesse cultural especifico, o que dá mais liberdade para alguma possível alteração em suas fachadas.
O programa deste edifício não será referencia para a elaboração do programa do edifício que foi escolhido como tema para esta pesquisa, visto que o seu publico alvo é diferente. 

Ed. Riskallah Jorge
Ao ser requalificado o edifício Riskallah Jorge não sofreu muitas mudanças em seu layout interno, pois anteriormente este edifício havia sido usado como hotel, o que facilitou quando seu uso passou a ser residencial. O edifício da Rua Rio de Janeiro fora projetado para uso comercial, o que dificultara ao mudar esse uso nos pavimentos que serão destinados a uso residencial.
Mais uma vez as unidades habitacionais ficaram pequenas para o público alvo que se pretende propor para o edifício de Belo Horizonte. Outra característica que distingui bastante do projeto proposto é a forma volumétrica triangular do edifício Riskallah Jorge, já que o edifício escolhido possui uma forma retangular.
O programa apresentado para este edifício é interessante e acredito que alguns elementos como salão comunitário para usos múltiplos e deposito de lixo serão adaptados e estarão presentes na nova proposta para o edifício em Belo Horizonte.

Ed. Brigadeiro Tobias
De todos os três edifícios apresentados nesse conjunto de obras análogas este é o que chega mais próximo do que se pretende propor para o edifício de Belo Horizonte. A unidade habitacional possui uma área maior podendo colocar um segundo quarto alem dos cômodos conjugados (sala, cozinha e copa) o que já possibilita a escolha de um publico multifamiliar.
O edifício Brigadeiro Tobias passou por uma reforma drástica até o ponto em que pudesse ser habitado de fato, o que aumentou consideravelmente os gastos com a reforma. Não é o caso do edifício de Belo Horizonte, mas tem-se que ter em mente que o edifício esta inacabado e abandonado a mais de 30 anos e sua adaptação para o uso com certeza vai ter de passar por um processo de adequação das novas leis e diretrizes construtivas vigentes na cidade, especificamente no Hipercentro de Belo Horizonte.
A volumetria tem muitas semelhanças com o edifício escolhido com seu formato retangular e o. Já as fachadas leste e oeste de ambos edifícios (Brigadeiro Tobias e o edifício ) possuem poucas aberturas, por um lado, no Brigadeiro Tobias, possuindo dois edifícios bem próximos a sua linha de divisão do terreno, e por outro, no edifício da Rio de Janeiro, devido a grande incidência solar.

OBRA ANÁLOGA - Requalificação do edifício EDIFÍCIO BRIGADEIRO TOBIAS

1. Histórico
O edifício Brigadeiro Tobias ou Labor está localizado na Rua Brigadeiro Tobias, n° 300, do Bairro Santa Ifigênia do distrito da República, no centro histórico de São Paulo. Pertenceu à Fundação Rede Ferroviária de Seguridade Social (REFFESA). No terreno de 1096,22 m², medindo a frente principal 18,60m, e foi projetado no estilo moderno, sendo um prédio para escritórios da Rede Ferroviária Federal, em 1944 (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, SET DE 2001). O edifício compreendia então subsolo, térreo e oito pavimentos, perfazendo um total de 4.090,9 m² de área construída (TARRAF CONSTRUTORA LTDA, 2002). O prédio foi desocupado na década de 90.
O edifício Brigadeiro se encontra na Área do Vale de Anhangabaú, tombado como Nível de Proteção 3 (NP-3) pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo – CONPRESP, segundo Resolução n° 37/92. Segundo o Artigo 2° da Resolução CONPRESP 37/92 o Nível de Proteção 3 (NP-3): “corresponde a bens de interesse histórico, arquitetônico, paisagístico ou ambiental, determinando a preservação de suas características externas”. Também o Artigo 4° ressalta que “Todos os bens tombados são passíveis de restauração, reciclagem, revitalização e reformas, visando sua adequação funcional, devendo os projetos serem submetidos à prévia aprovação do CONPRESP”.
O prédio Brigadeiro Tobias foi ocupado pela União dos Movimentos de Moradia (UMM-Oeste), em novembro de 1999. As quarenta famílias que o ocuparam vieram de cortiços ou pagavam aluguel
em outros imóveis e, sob ameaça de despejo, acabaram por ocupar esse prédio. (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO Paulo, Set de 2001).
Por meio do Programa de Arrendamento Residencial, a Prefeitura de São Paulo (gestão 2001- 2004), em convênio com a Caixa Econômica Federal (CEF), reciclou o edifício acima citado para 84 unidades residenciais, para uma população cuja renda mensal orça entre três e seis salários mínimos. Em 2005 esta obra foi entregue à população. A responsável pelo desenvolvimento desse projeto foi a arquiteta Walkíria Maria Pires de Freitas Gois e pelo desenvolvimento dos projetos e estudos de engenharia, o engenheiro Marcelo Kehdi Gomes Rodrigues (TARRAF, 2002. Memorial de Obras). A construção foi realizada pela Tarraf Construtora Limitada. O valor pago pelo imóvel foi de R$ 420.000,00 e o da operação foi de R$ 2.388.578,39 (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL, Simone, 2007), sendo a obra entregue aos beneficiários desse programa em 2005.

2. Prédio original
No terreno de 1.096,22 m² foi construído um prédio para escritórios de estilo moderno. O edifício compreendia subsolo, térreo e oito pavimentos.

 3. Restauração e reciclagem do prédio
A Prefeitura de São Paulo, em convênio com a Caixa Econômica Federal e com recursos do PAR, reciclou o prédio para a população com renda mensal entre três e seis salários mínimos. Este foi adquirido pelo valor de R$ 420.000,00 (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL-SP, 2007). A data de contrato da reciclagem é de 02 de agosto de 2002. O custo da obra (aquisição do prédio, reforma e legalização) foi orçado em R$ 2.388.578,39 (CAIXA ECONÔMICA FEDERAL-SP, 2007).
No Pavimento térreo, uma área de lazer - comumente utilizada pelas crianças – 3 apartamentos para pessoas idosas ou portadoras de deficiências físicas, 3 outros comuns, um Hall com uma área de circulação abrangente, duas lavanderias coletivas e, no fundo do lote, a administração e a zeladoria, localizadas em um outro bloco, o centro comunitário. No subsolo do bloco do centro comunitário existem uma cozinha
comunitária e banheiros coletivos, masculino e feminino. Já no subsolo do bloco principal, depósito, lixeira e áreas de lazer condominiais.
O edifício ainda possui um mezanino - com 6 apartamentos conjugados e duas lavanderias.
Também possui 8 pavimentos tipo e um 9.º pavimento, cada um com duas lavanderias coletivas e 8 apartamentos conjugados. O 9º pavimento é diferenciado e foi criado posteriormente. Na cobertura encontram-se a caixa d’água e a casa de máquina.
A laje superior é protegida com telhas de fibrocimento. A circulação vertical conta com dois elevadores e uma escada servindo todo o prédio. A reforma teve um aumento de área, modificando o uso e desmembrando parte do lote. A área do terreno possui 1096,22 m2 sendo que a área construída era de 4090,9 m2. Para a reciclagem, a área a construir foi de 621,61m2 e a demolir cerca de 189,58 m2, perfazendo uma área total de 4522,93 m2.


A reciclagem do prédio, em geral, preservou suas fachadas originais, e acrescentou um pavimento superior (nono pavimento). Esta obra foi destinada a 84 unidades residenciais e a espaços coletivos. As alterações realizadas no prédio foram: execução de reforços na fundação, demolição das lajes do térreo e do subsolo, construção de escadas e paredes de alvenaria e painéis internos, esquadrias metálicas e de madeira, portas (INCOMBUSTÍVEIS?), cobertura, revestimentos e pintura, pavimentações, instalações e aparelhos (TARRAF CONSTRUTORA LTDA., 2002).
A execução de reforços na fundação foi realizada de acordo com laudo técnico sobre as fundações do edifício.
Houve a demolição de parte da estrutura de concreto armado, já existente no edifício (duas lajes do térreo e subsolo), para criar um fosso de iluminação. Também foram executados dois mezaninos, um na parte frontal do térreo, outro na parte posterior do térreo, em laje pré-fabricada treliçada mista, com pilaretes de apoio em estrutura metálica ou moldada “in loco” (concreto
armado), duas escadas metálicas ou de concreto na área comum, conforme o projeto.
O nono pavimento foi construído em alvenaria estrutural, com elementos estruturais leves e seus respectivos reforços (pilaretes, travamentos, cimentados e outros), até as divisas de fachada frontal e posterior, sendo o forro de laje treliçada.
As alvenarias internas foram construídas em blocos cerâmico de vedação de 9 cm ou em concreto celular, com espessura 7cm, para todos os andares, até a altura do pé direito. Foram executadas vergas, contra-vergas e cintas nos vãos livres como portas, janelas e outros.
As instalações hidráulicas e de esgoto foram refeitas, com tubulações e conexões de esgoto e de água fria em PVC.
Para o combate a incêndio, foram utilizadas redes de hidrantes já existentes e a instalação de novas mangueiras, bem como a manutenção dos abrigos. Em cada bloco estão dispostos um extintor com pó químico de 4 Kg e um de CO2 de 6kg, com carga, totalizando dois extintores por andar (dois blocos) e ainda duas mangueiras de água por andar.
A instalação de gás foi realizada através de uma rede de distribuição externa ao edifício (fosso de iluminação) em tubulação de cobre, com rede secundária embutida na laje. O abrigo dos medidores de gás fica ao lado da entrada do edifício e foi construído em alvenaria e com prateleiras internas de argamassa armada. A medição de gás é individual.
Houve a instalação mecânica de elevador e de exaustores mecânicos nos dois shafts dos pavimentos tipo, para exaustão dos banheiros anexos a estes shafts.
Há um equipamento comunitário composto de depósito de lixo, abrigo de gás, creche, cozinha comunitária, banheiros masculino e feminino, área de lazer condominial e administração.
A cozinha comunitária possui suas instalações completas com azulejos, pisos, bancada, cuba. A área de lazer condominial é composta de espaços para festas, lazer, jogos, reuniões, assembléias do movimento e do condomínio. A creche tem espaço integrado à área de lazer condominial.



Foto 3. Edifício Brigadeiro Tobias
Fonte: Salcedo, 2006

 

Figuras 9 e 10. Planta térreo e subsolo, Edifício Brigadeiro Tobias
Fonte: TARRAF, 2002


Figuras 11 e 12. Planta pavimento tipo e planta mezanino, Edifício Brigadeiro Tobias
Fonte: TARRAF, 2002